Monday, April 7, 2008

Fagulhas

Abri curiosa o céu. Assim, afastando de leve as cortinas. Eu queria entrar, coração ante coração, inteiriça ou pelo menos mover-me um pouco, com aquela parcimônia que caracterizava as agitações me chamando. Eu queria até mesmo saber ver, e num movimento redondo como as ondas que me circundavam, invisíveis, abraçar com as retinas cada pedacinho de matéria viva. Eu queria (só) perceber o invislumbrável no levíssimo que sobrevoava. Eu queria apanhar uma braçada do infinito em luz que a mim se misturava. Eu queria captar o impercebido nos momentos mínimos do espaço nu e cheio. Eu queria ao menos manter descerradas as cortinas na impossibilidade de tangê-las. Eu não sabia que virar pelo avesso era uma experiência mortal.


[ana cristina cesar]

6:

Anonymous Anonymous said...

Ducaralho, Ana!

ACCesar apavora!!!!

2:02 AM  
Blogger Projeto Reticere said...

... acho a Ana Cristina César uma mistura precisa de Hilda Hist e Clarice Lispector... fico impressionado, como neste texto, como ela consegue impor sua força usando de poeisa...

beijão.

ass. gleuber militani

1:50 PM  
Blogger Yerko Herrera said...

Ana!!! Que felicidade me trouxe tua mensagem lá no Música&Poesia. Tô alegre por tu ter curtido o espaço. Volta sempre, tu sempre será bem-vinda!

Beijão,
Yerko Herrera.

"...Fascinava-nos, apenas.
Deixamos para compreendê-la mais tarde. Mais tarde, um dia... saberemos amar Clarice." (Drummond, Visão de Clarice Lispector)

11:38 AM  
Blogger Cecilia Barroso said...

Simplesmente maravilhoso!
Parabéns!

11:02 AM  
Anonymous Anonymous said...

Registrando minha passagem por aqui...

Mais uma vez vc arrasou!!!
é tudo muito envolvente, fascinante!

Adoro...

beijins

1:24 PM  
Blogger Pedro Pan said...

, ana cristina cesar sempre bom ler...
, agradecido pela visita em quimeras. volte qndo desejar.
, beijos meus.

11:33 AM  

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