Adeus
Já gastamos as palavras pela rua, meu amor, e o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes. Gastamos tudo menos o silêncio. Gastamos os olhos com o sal das lágrimas, gastamos as mão à força de as apertarmos, gastamos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis. Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada. Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro! Era como se todas as coisas fossem minhas: quanto mais te dava mais tinha para te dar. Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes! e eu acreditava. Acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis. Mas isso era no tempo dos segredos, no tempo em que o teu corpo era um aquário, no tempo em que os meus olhos eram peixes verdes. Hoje são apenas os meus olhos. É pouco, mas é verdade, uns olhos como todos os outros. Já gastamos as palavras. Quando agora digo: meu amor..., já se não passa absolutamente nada. E no entanto, antes das palavras gastas, tenho a certeza de que todas as coisas estremeciam só de murmurar o teu nome no silêncio do meu coração. Não temos já nada para dar. Dentro de ti não há nada que me peça água. O passado é inútil como um trapo. E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Adeus.
[Os versos acima foram extraídos do livro "Poemas 1945 - 1965", 3ª edição, 1971. - Eugenio de Andrade - Poeta Português]
4:
Sweet "Anita",
Debrucei-me mais temporadamente no teu cantinho.
Menina você é uma Paulistana de se lhe tirar o chapéu!
Li agora mais demoradamente e com muita apreciação o trecho deveras oportuno das Crónicas de Mário Prata: "Amor vamos discutir a nossa relação?". Sorvi-o com muita ansiedade.
Hoje devido a você estou mais rico de conhecimentos. Apresentaste-me o vosso artista multifacetado Plínio Marcos. Obrigado.
No teu post Adeus cujo texto você aproveita o meu preferido poeta Eugénio de Andrade, reparo que tens muito sentido de oportunidade, pois em todas as vidas "há horas em que as palavras estão gastas".
Te vou dizer que conheço o Rio, Paraty e Angra dos Reis (sublime! as ilhas). No nordeste visitei grande parte dos estados de Pernambuco(Recife) e o de Alagoas(Maceió). Aqui em Maceió muito me recordo do vosso expoente máximo do forró alagoense Luiz Gonzaga em que para mim ficou no ouvido: "A praia do Gunga é uma beleza que comunga com a natureza..." e outra "Ai que saudades do céu, do sal, do sol de Maceió..." Adoro forró.
Infelizmente ainda não desci a S.Paulo. Pode ser que um dia aconteça.
E você já conhece Portugal - Lisboa (onde eu sou natural)?
Um grande beijinho para ti
do Pepe.
O fabuloso Eugénio de Andrade!Excelente post!*
Muito bommmmmmm!
o blog tambémmm
Parabeins ;)
ate mais
http://www.imperiomaia.blogspot.com
:B
Hoje ainda quero dar-te um grande beijinho de parabéns pelo Dia Mundial da Mulher!
Pepe.
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